Faço também minhas as nobres e verdadeiras palavras dos textos abaixo.
Em tempos de cães arrastados por carros,
de cãozinho cruelmente torturado e assassinado por enfermeira,
de cãozinho enterrado vivo pelo dono,
de animais propositalmente abandonados nas ruas por causa das férias,
de rinhas de galos,
de milhares de animais silvestres arrancados da natureza, vivos ou mortos, para serem comercializados,
de milhares de aves, porcos, vacas, peixes abatidos para as festas de fim de ano.
Diante de tanta falta de amor, eu não tenho motivos para comemorar um "Feliz" Natal ou um "Feliz" Ano Novo.
Mas, se eu tenho que desejar algo, é que em 2012 as pessoas se posicionem e, unidas, promovam iniciativas e mudanças positivas que gerem transformações concretas nas leis ambientais, para que todos esses crimes não se tornem banais, nem sejam penalizadas com sanções insignificantes. Se não, choraremos mais um ano pelos mesmos motivos.
Valéria Valverde
SERÁ QUE VOU REZAR ?
Texto de Rubens Alves
Sou um admirador de Gandhi.
Planejo convocar os amigos para uma
homenagem póstuma a esse grande líder
pacifista e vegetariano. Pensei que uma
boa maneira de homenageá-lo seria numa
churrascaria, um rodízio com carnes variadas,
picanhas, filés, costelas, cupins, fraldinhas,
linguiças, salsichas, galetos e muito
chope. O grande líder merece ser lembrado
e festejado com muita comilança e barriga
cheia!
Eu não fiquei doido. O que fiz foi usar de
um artifício lógico chamado "reductio ad
absurdum" que consiste no seguinte: para
provar a verdade de uma proposição, eu
mostro os absurdos que se seguiriam se o
seu contrário, e não ela, fosse verdadeiro.
Eu demonstrei o absurdo de se celebrar
um líder vegetariano de hábitos frugais
com um churrasco. Uma homenagem tem
de estar em harmonia com a pessoa homenageada
para torná-la presente entre aqueles
que a celebram. Uma refeição, mas
pouca comida. Comer pouco é uma forma
de demonstrar nosso respeito pela natureza.
Alface, cenoura, azeitonas, pães . Escrevo
com antecedência para que vocês
celebrem direito, isso há de trazer de novo
à memória o evento celebrado.Numa estrebaria
uma criancinha acaba de nascer. Sua
mãe a colocou numa manjedoura, cocho
onde se põe comida para os animais. As
vacas mastigam sem parar,ouve-se um
galo que canta e os violinos dos grilos, música
suave. No meio dos animais tudo é
tranquilo. Os campos estão cobertos de
vaga-lumes que piscam chamados de amor.
No céu brilha uma estrela diferente,
estaria anunciando o nascimento de um
Deus? O nascimento do Deus criança só
pode ser celebrado com coisas mansas e
pobres, e estes, no seu despojamento, devem
poder celebrar. Não é preciso muito. O
que José e Maria teriam comido naquela
noite? Um pedaço de queijo, nozes, vinho,
pão velho, uma caneca de leite tirado na
hora. E deram graças a Deus. Naquela
mesma noite, havia uma outra celebração
no palácio de Herodes, o cruel.. Ele tinha
medo das crianças e mataria todas se desejasse.
A mesa do banquete : leitões assados,
linguiças, muito vinho. Os músicos
tocavam, as dançarinas rodopiavam. Cada
um celebra o que escolhe. Acho que vou
fazer uma sopa de fubá que
tomarei com pimenta e torradas.
E farei silêncio, quando
chegar a meia-noite e, quem
sabe, rezarei?
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